A mecanização das lavouras de pequenas propriedades brasileiras vem sendo adotada em maior proporção diante do desenvolvimento de novas tecnologias, que prometem reduzir custos e aumentar a produção. Porém, por trás dessa busca por maquinário agrícola está um gargalo que o setor tem enfrentado de forma mais intensa: falta de mão de obra.Diante das baixas remunerações pagas aos trabalhadores rurais - muitos contratos apenas por temporada de colheita –, tem sido observada uma evasão da mão de obra do campo e migração para outros tipos de atividade, não ligadas ao setor. Nesta 18ª edição da Agrishow, maior feira agrícola do país, pequenos proprietários de terras foram a Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, buscar tratores e implementos para garantir que suas produções seja mantidas.
Na região onde o produtor de hortaliças Emerson Goulart Vilas Boas, 41 anos , tem terras, Natércia, em Minas Gerais, não são só os baixos salários que estão levando do campo os trabalhadores, mas a crescente industrialização do entorno de Pouso Alegre, cidade próxima à sua.“Tem muita fábrica por lá. Agora as coisas estão melhorando, mas passamos por uma fase ruim de preços, e a gente não conseguia pagar bem a mão de obra. O problema é que muitos já desistiram, e aí não tem mais jeito”, lamentou.
Com a falta de saída para o produtor, a solução é mecanizar as lavouras, tentando combater, também, os altos custos de produção, deixando, assim, os preços “mais competitivos”, segundo o produtor Braulino José da Silva, 25 anos, de Careaçu, também em Minas Gerais, que produz milho e feijão em uma propriedade de 160 hectares. “É difícil a gente lidar com todas as instabilidades como tempo e, consequentemente, preço, e ainda não encontrar gente disposta a trabalhar. Com a máquina, isso [falta de mão de obra] a gente consegue mudar”, disse.
Ronei Eder Ferreira, 28 anos, tem uma propriedade de 30 hectares, onde planta milho e café. Sofrendo com a falta de trabalhadores na região de Guaxupé, sul de Minas Gerais, e sem perspectiva de abandonar as lavouras, o agricultor pesquisava nesta terça-feira (3) preços de tratores para usar em suas lavouras. “O pessoal quer trabalhar pouco e ganhar muito. No setor em que a gente está não dá para ter essa estabilidade. Mas eu não saio de lá porque é a minha vida, é o que eu faço desde sempre”, relatou.
Em busca de uma máquina de silagem, Oscar Djalma Renosto, 43 anos, de Laranjal Paulista, no interior de São Paulo, foi à Agrishow para avaliar os preços dos equipamentos. Dono de uma propriedade onde é produzido milho e criado gado de leite e de engorda, Renosto reclamou dos altos preços para manutenção das lavouras. "Para continuar sendo lucrativo, o preço acaba tendo que subir para o consumidor. E isso não é bom para ninguém."
Junto à escassez de pessoal está o acesso mais facilitado ao crédito, como contam os agricultores. As linhas de crédito dos bancos estão oferecendo melhores condições de financiamento e reduzindo parte da burocracia que segurava os empréstimos, segundo os agricultores ouvidos pelo G1. “Facilita isso que os bancos estão fazendo. Não era muito assim antes. Como os preços estão em alta, então a gente consegue pensar em investir e comprar equipamento”, disse Ferreira.
Outra opção de compra que tem se difundido no meio agrícola e virado alternativa para os agricultores é o consórcio, forma de financiamento em que o consumidor entra em um grupo de uma empresa especializada nessa forma de aquisição de bens, paga uma espécie de mensalidade e espera ser sorteado para receber o produto. Na Agrishow, grandes empresas anunciavam esse meio de pagamento.
“Para gente melhorou muito. Com essa falta de gente para trabalhar, a solução é comprar máquinas. E, por consórcio, fica mais fácil. Eles estão sorteando mais, então não demora tanto para a gente ter o equipamento", disse José Paulo da Silva, 47 anos, há 20 na agricultura, que hoje possui uma propriedade de 20 hectares.
De acordo com último censo agropecuário divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2006, o percentual de trabalhadores no campo estava, ano a ano, em queda. Procurado, o Ministério da Agricultura afirmou que esses dados eram os mais recentes.
Futuro no campo
A preocupação de muitos agricultores consiste na continuidade das atividades em suas propriedades. Antes passada geração para geração, as lavouras começam a ver os filhos mais novos partindo para os centros urbanos, em busca de novas oportunidades.
Oscar Djalma Renosto tem como primeira e única atividade a agricultura. Suas terras foram de seu avó antes de passar para o pai e depois para ele. No entanto, seu filho, de 15 anos, já tem planos de estudar fora.
"Até quero continuar fazendo isso, mas tenho que estudar antes e, para isso, vou ter que ir para a cidade", disse Igor Djalma.
"A gente tenta segurar, mas não sabe até quando vai conseguir", comentou.
Na região onde o produtor de hortaliças Emerson Goulart Vilas Boas, 41 anos , tem terras, Natércia, em Minas Gerais, não são só os baixos salários que estão levando do campo os trabalhadores, mas a crescente industrialização do entorno de Pouso Alegre, cidade próxima à sua.“Tem muita fábrica por lá. Agora as coisas estão melhorando, mas passamos por uma fase ruim de preços, e a gente não conseguia pagar bem a mão de obra. O problema é que muitos já desistiram, e aí não tem mais jeito”, lamentou.
Com a falta de saída para o produtor, a solução é mecanizar as lavouras, tentando combater, também, os altos custos de produção, deixando, assim, os preços “mais competitivos”, segundo o produtor Braulino José da Silva, 25 anos, de Careaçu, também em Minas Gerais, que produz milho e feijão em uma propriedade de 160 hectares. “É difícil a gente lidar com todas as instabilidades como tempo e, consequentemente, preço, e ainda não encontrar gente disposta a trabalhar. Com a máquina, isso [falta de mão de obra] a gente consegue mudar”, disse.
Ronei Eder Ferreira, 28 anos, tem uma propriedade de 30 hectares, onde planta milho e café. Sofrendo com a falta de trabalhadores na região de Guaxupé, sul de Minas Gerais, e sem perspectiva de abandonar as lavouras, o agricultor pesquisava nesta terça-feira (3) preços de tratores para usar em suas lavouras. “O pessoal quer trabalhar pouco e ganhar muito. No setor em que a gente está não dá para ter essa estabilidade. Mas eu não saio de lá porque é a minha vida, é o que eu faço desde sempre”, relatou.
Em busca de uma máquina de silagem, Oscar Djalma Renosto, 43 anos, de Laranjal Paulista, no interior de São Paulo, foi à Agrishow para avaliar os preços dos equipamentos. Dono de uma propriedade onde é produzido milho e criado gado de leite e de engorda, Renosto reclamou dos altos preços para manutenção das lavouras. "Para continuar sendo lucrativo, o preço acaba tendo que subir para o consumidor. E isso não é bom para ninguém."
Junto à escassez de pessoal está o acesso mais facilitado ao crédito, como contam os agricultores. As linhas de crédito dos bancos estão oferecendo melhores condições de financiamento e reduzindo parte da burocracia que segurava os empréstimos, segundo os agricultores ouvidos pelo G1. “Facilita isso que os bancos estão fazendo. Não era muito assim antes. Como os preços estão em alta, então a gente consegue pensar em investir e comprar equipamento”, disse Ferreira.
Outra opção de compra que tem se difundido no meio agrícola e virado alternativa para os agricultores é o consórcio, forma de financiamento em que o consumidor entra em um grupo de uma empresa especializada nessa forma de aquisição de bens, paga uma espécie de mensalidade e espera ser sorteado para receber o produto. Na Agrishow, grandes empresas anunciavam esse meio de pagamento.
“Para gente melhorou muito. Com essa falta de gente para trabalhar, a solução é comprar máquinas. E, por consórcio, fica mais fácil. Eles estão sorteando mais, então não demora tanto para a gente ter o equipamento", disse José Paulo da Silva, 47 anos, há 20 na agricultura, que hoje possui uma propriedade de 20 hectares.
De acordo com último censo agropecuário divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2006, o percentual de trabalhadores no campo estava, ano a ano, em queda. Procurado, o Ministério da Agricultura afirmou que esses dados eram os mais recentes.
Futuro no campo
A preocupação de muitos agricultores consiste na continuidade das atividades em suas propriedades. Antes passada geração para geração, as lavouras começam a ver os filhos mais novos partindo para os centros urbanos, em busca de novas oportunidades.
Oscar Djalma Renosto tem como primeira e única atividade a agricultura. Suas terras foram de seu avó antes de passar para o pai e depois para ele. No entanto, seu filho, de 15 anos, já tem planos de estudar fora.
"Até quero continuar fazendo isso, mas tenho que estudar antes e, para isso, vou ter que ir para a cidade", disse Igor Djalma.
"A gente tenta segurar, mas não sabe até quando vai conseguir", comentou.
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