quinta-feira, 17 de maio de 2012

Criação de emprego formal soma 702 mil até abril, com queda de 20% (Postado por Lucas Pinheiro)

A criação de empregos formais no Brasil caiu nos primeiros quatro meses de 2012, na comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgadas nesta quinta-feira (17). De acordo com o Ministério do Trabalho, foram criadas 702.059 formais de janeiro a abril – uma queda de 20,2% frente ao mesmo período do ano passado (+880.717 vagas formais).

De acordo com os números do governo, este é o pior desempenho para os quatro primeiros meses de um ano desde 2009, quando foram abertas 48.454 empregos com carteira assinada. Naquele momento, o país sentia os efeitos da primeira etapa da crise financeira, inaugurada em setembro de 2008 com a concordata do banco norte-americano Lehman Brothers. A série histórica do Caged tem início em 1992. O recorde histórico para o emprego formal nos quatro primeiros meses de um ano foi registrado em 2010 – quando foram abertas 962.327 vagas.

O recuo na criação de empregos formais no primeiro quadrimestre deste ano acontece, novamente, em um momento de desaceleração da economia mundial, com reflexos na economia doméstica. Para tentar acelerar a economia, o governo já anunciou um pacote de medidas para estimular a competitividade das empresas, além de ter baixado os juros básicos, definidos pelo Banco Central, e estar atuando para que a taxa de câmbio fique mais alta. Atualmente, o dólar oscila ao redor de R$ 2 – melhorando as condições de competição do setor produtivo nacional.

Mês de abril
Somente em abril, os números do Ministério do Trabalho mostram que foram criados 216.974 postos formais de trabalho.

"Este aumento mantém a trajetória de expansão, constituindo-se no maior saldo mensal do emprego no ano de 2012. O desempenho positivo em abril decorreu de 1.798.101 admissões e 1.581.127 desligamentos, ambos os maiores para o período", informou o Ministério do Trabalho.

O número, no entanto, representa uma queda de 20,29% frente a abril de 2011 (+272.225 vagas formais)

Setores da economia
De acordo com o governo federal, o comportamento favorável do emprego em abril foi registrado em todos os oito setores da economia, que registraram mais contratações do que demissões no mês passado. O setor que mais contratou em abril, segundo o governo, foi serviços (+82.875 postos); seguido pela construção civil, com a abertura de 40.606 empregos com carteira assinada; pelo comércio (+33.704 vagas); pela indústria de transformação (+30.318); e pela agricultura (+21.916 vagas formais).

Regiões do país
Segundo os dados oficiais, quase todas as grandes regiões tiveram expansão no nível de emprego em abril. Foram criadas 142 mil vagas na região Sudeste, 43 mil postos com carteira assinada na região Sul, 32,1 mil empregos formais na região Centro-Oeste e 4,09 mil vagas na região Norte.

"Por outro lado, a região Nordeste, influenciada pela presença de fatores sazonais relacionados às atividades sucroalcooleiras, registrou redução de 4.924 postos de trabalho", acrescentou o Ministério do Trabalho.

sábado, 5 de maio de 2012

Vale usa curso de qualificação como porta de entrada para a empresa (Postado por Lucas Pinheiro)

A grande procura por profissionais qualificados está modificando as estratégias de contratação. Em busca de mão de obra, algumas empresas já estão oferecendo cursos de especialização para ter funcionários com boa formação. Esse é o caso da Vale, que desde 2008, oferece o Programa de Especialização Profissional para engenheiros e geólogos que querem obter mais conhecimento na área de mineração e iniciar sua carreira na companhia.

O programa, realizado em parceria com universidades, tem três meses de duração e oferece pós-graduação nas áreas de mineração, ferrovia e portos. Os participantes recebem uma bolsa-auxílio mensal de R$ 4,3 mil. As inscrições para o programa vão até o dia 10 de maio e podem ser feitas pelo site www.vale.com.br/oportunidades.

Mirian Leão, de 28 anos resolveu se inscrever no programa para tentar uma vaga na Vale. Paraense e formada em engenharia de Minas e Meio Ambiente pela Universidade Federal do Pará, ela deixou um mestrado de engenharia mineral para participar do curso, em 2011.

“Conclui a graduação em 2009 e as perspectivas na área não eram muito boas. Iniciei o mestrado, mas parei porque vi o curso como uma porta de entrada para Vale”, conta. Atualmente, ela trabalha como engenheira na área de desenvolvimento de processos das minas de ferro e manganês em Carajás, no Pará. Mirian faz parte da equipe responsável pela otimização dos processos de extração de minérios da Vale.

No programa, os profissionais aprendem os conceitos das atividades de mineração, de logística, de meio ambiente de operação de minas, portos e ferrovias, além de normas de segurança. O objetivo do curso é apresentar todos os ramos de atuação da empresa para que o novo funcionário já conheça o negócio e o ambiente de trabalho.

Com a pós-graduação em mineração, Mirian aumentou os conhecimentos na sua área de formação e também em outros setores. “O foco do programa é técnico e o objetivo principal é conhecer toda a carreira produtiva da empresa. Vi conceitos sobre operação de minas, portos, ferrovia, logística, saúde e meio ambiente”, fala. Os 39 profissionais que fizeram o curso com ela foram contratados.

Além de ter sido contratada pela Vale, a engenheira avalia que o programa de especialização foi fundamental para o seu desenvolvimento profissional. “Agora tenho uma visão ampla do negócio e isso é muito importante na hora de construir e consolidar uma carreira.”

De São Paulo para Maranhão
O engenheiro ambiental João Forlani, de 25 anos, resolveu deixar tudo em São Paulo para fazer o programa de especialização em portos pela Vale em 2008, em São Luís, no Maranhão. Ele dava aulas em um curso técnico e trabalhava no departamento de meio ambiente de uma empresa. “Estava zapeando o mercado e soube dessa oportunidade. Queria associar minha formação com uma área em que eu tivesse grandes chances de atuar e como a engenharia portuária vai além da obra percebi que ia fazer parte de um setor que tem um impacto direto na economia do país”, diz.

Forlani trabalha hoje como engenheiro na gerência de operação de embarque do porto de Ponta de Madeira, em São Luís. Para ele, o grande diferencial do curso foi a duração, de apenas três meses. “Você passa por um intensivão e não tem tempo para perder. Isso não seria possível com um curso lato sensu. Quando completei 22 anos já tinha uma pós-graduação. Isso fez uma grande diferença no mercado”, afirma.

Com uma carreira consolidada dentro da empresa, Forlani não pensa em deixar São Luís e voltar para São Paulo. Ele é responsável pelo desempenho no porto e também participa dos projetos para aumentar a capacidade do terminal. “A ampliação do porto ainda está acontecendo e eu quero estar aqui para ver tudo funcionar e também para enfrentar esse novo desafio”, relata.

Profissionais especializados
“O programa é bastante estratégico porque assegura que a empresa terá mão de obra especializada para atuar nas suas operações. Como temos uma crescente demanda por esses profissionais precisamos qualificar os recém-formados”, afirma Tatiana Matos, gerente de Educação da Vale.

O Programa de Especialização Profissional é realizado em parceira com as seguintes instituições: Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Dom Bosco (UNDB), Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e Universidade de São Paulo (USP). Os profissionais saem do curso com um diploma de pós-graduação.

“A gente já oferece o programa com a intenção de absorver o candidato. É uma boa forma para entender os termos teóricos e práticos, qual o papel do engenheiro e como ele pode aplicar isso dentro da estrutura da Vale”, diz Tatiana.

Além do programa para recém-formados, a Vale também oferece outros cursos que fazem parte dos programas porta de entrada da empresa, como o Programa Formação Profissional (PFP), para profissionais de nível médio e técnico, e o Programa de Especialização para Projetos de Capital, para contratar e aperfeiçoar engenheiros na gestão de projetos.

Desde 2008, o programa de especialização formou 600 profissionais. “Nos últimos três anos praticamente 100% dos profissionais foram contratados. Não existe um curso para um engenheiro atuar com ferrovia, então ele obtém essa formação e já pode entrar na Vale conhecendo o negócio. Isso acelera o desenvolvimento e o crescimento”, ressalta Tatiana.

Por meio dos programas a Vale já treinou mais de 10,4 mil pessoas desde 2008. Em 2012, a previsão é treinar mais de 3 mil profissionais.
 

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Gol é autorizada a cortar 1 dos 4 comissários de 30% de seus aviões (Postado por Lucas Pinheiro)

A Gol foi autorizada a usar três comissários, em vez dos quatro habituais, em voos com aeronaves Boeing 737-700, que correspondem a cerca de um terço da frota atual  e com os quais realiza a maioria de seus voos nacionais. Atualmente, a empresa possui 43 aviões do modelo.

A medida já foi adotada em um voo recente, segundo relato feito por um leitor do G1 e confirmado pela Gol.

Segundo a companhia aérea, a redução do número de comissários foi autorizada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) após a realização de testes de segurança. Até 2010, o número de comissários necessários a bordo no Brasil levava em conta o número de saídas de emergência da aeronave, mas a norma foi modificada e, desde então, para que a empresa seja certificada a operar com menor número de comissários, a Anac exige testes de evacuação.

A agência informou que a demonstração de evacuação de emergência foi realizada pela Gol em 31 de outubro de 2011 e que, após análises internas, a companhia foi autorizada a utilizar três comissários no Boeing 737-700. A data da homologação não foi divulgada.

A empresa diz que tomou a medida como forma de cortar gastos e que já havia informado, em 2011, que ela estava em estudo. Em nota enviada ao G1, a Gol informa que "vem estudando alternativas que visem a sustentabilidade de suas operações. Dentre as medidas tomadas, a companhia já recebeu homologação da Agência Nacional de Aviação Civil para operar com três comissários em suas aeronaves Boeing 737-700, que correspondem a cerca de 30% de sua frota, considerando a frota da Gol e Webjet combinadas".

Desde o início do ano, após a divulgação de balanço financeiro no qual apresentou prejuízo de cerca de R$ 700 milhões em 2011, a empresa divulgou cortes na tripulação e no número de voos para reduzir os custos. Em 12 de abril, a companhia suspendeu o serviço de bordo e o cliente tem de pagar por sanduíches, snacks ou bebidas quentes, cervejas, refrigerantes e sucos, entre outros. A água será dada ao cliente, segundo a Gol, caso ele peça.

Nesta sexta-feira (5), a Gol divulgou que teve um prejuízo líquido no 1º trimestre de 2012 de R$ 41,4 milhões.

Na nota enviada ao G1 sobre o corte de comissários a bordo, a Gol diz que, para colocar em vigor a medida, "é necessário treinar sua tripulação nos procedimentos do novo formato" e que "esta já é uma prática adotada internacionalmente e é realizada de modo a garantir os altos níveis de segurança de seus clientes e colaboradores, item prioritário de sua política de gestão".

Sindicato critica
"As empresas estão diminuindo cada vez o número de tripulantes. Comissário não é um mero bandejeiro, uma garçonete. É um profissional treinado para garantir a segurança de voo", critica Carlos Camacho, diretor de segurança de voo do Sindicato Nacional dos Aeronautas.

"Se ocorrer um acidente, um incêndio, qualquer coisa a bordo e for necesário uma evacuação, é preciso um profissional qualificado, um comissário que conheça o ambiente e saiba coordenar isso mesmo sob condições adversas, como fumaça ou fogo. Só um comissário sabe a localização das saídas de emergência e de extintores, os procedimentos para retirada de crianças e idosos e o que precisa realmente ser feito. Não é possível delegar uma função destas a um passageiro", acrescenta ele.

Para ele, "a retirada de um comissário afeta todo o voo".

"Em uma possível evacuação, uma das portas ou saída de emergência poderá contar com apenas um tripulante e haverá riscos. Em uma simulação é tudo combinado. Você usa seus melhores profissionais, treinados, para que a evacuação dê certo. Em um acidente, não tem jogo combinado. Nada acontece como esperado", critica Camacho.

Apesar de ter o aval para reduzir o número de tripulantes a bordo, o Gol ressalta que o procedimento ainda não entrou em operação. "É necessário treinar sua tripulação nos procedimentos do novo formato", informou em nota a Gol.

O G1 recebeu por meio do canal de interatividade Fale Conosco o relato de uma ocorrência em um voo recente em que apenas três comissários estavam presentes e foi solicitado a um passageiro que, se necessário, atuasse na remoção do restante a bordo. A Gol confirmou que o fato ocorreu, mas disse que a companhia não divulgou quando foi e nem qual o percurso afetado. Explicou que o caso foi fora do planejado porque um tripulante teve problemas de saúde e como já havia a autorização, o corte na tripulação foi realizado.

A companhia ressaltou que é um procedimento mundial a orientação de passageiros que estejam sentados na saída de emergência para que saibam operar em uma possível evacuação e que, por isso, as poltronas não são utilizadas por idosos ou crianças.

Após a divulgação do déficit no ano passado, o presidente da empresa, Constantino de Oliveira Junior, anunciou que estão sendo eliminados entre 80 e 100 voos diários (essa revisão da malha teve início em março e deve ser concluída em abril). O número equivale a 8% dos voos diários totais da Gol e da WebJet.